No compasso da zabumba
O triângulo latejante
A sanfona se desenvolve
Num ressoar deslumbrante
Quem escuta essa tríade
não consegue ficar parado
Os pezinhos buliçoso
Mexe de traz pra frente
De lado a lado
Já observa o ambiente
com bastante sutileza
Dois corpos se encontram
E se permitem a estreiteza
Cada coxa se encaixa
A cintura se enlaça
E a outra mão abraça
A mão da outra pessoa
Dá-se início ao bailado
Deslizando os pés no chão
Os corpos se comunicam
Ao que é dito na negociação
A quentura aumenta
Com o contato e movimento
Ao passo que o suor banha
O coração que acelera os batimentos
É arrasta pé, é xote, é baião
É plena consciência
É estado de presença
É comunhão
A música desenha os corpos
Espaço e tempo desaparecem
A escuta se manifesta
O transe acontece
E só desperta em um pequeno lapso
Em que o som se silencia
e os corpos se distanciam
Mas reverbera
No corpo
Na mente
No espírito