Escuta
Não de fora,
mas de dentro
o que ressoa?
Me desprendi
lancei-me em águas desconhecidas
a deriva dos meus quereres
naufraguei
Foi o mar que me quarou
abrandou meu coração
E o silêncio veio
para que eu pudesse ouvir
(Prainha, Itacaré, 2015)
quinta-feira, 16 de abril de 2020
Memória das águas (V)
a gente era feito criança
esbanjava tudo aquilo
que não pode ver d'água
do lamaceio que nos enlodou
E a sujeira demorou noite
pra ser lavada
Elucidou tempestade
mas desnudou em manhã de céu aberto
O caminho era de flores
as águas azuis esverdeadas,
ou verde azuladas,
mornas, mansas, macias
Tava tudo em paz
como sempre
A gente é que tava distraída
pra não perceber
Aos sons do mar
dançamos
rimos
esvaímos em bem querer
Irmãs água
aninhadas e nuas
alinhadas as luas
Emaranhadas
(Litoral de Moreré, Janeiro de 2015. )
esbanjava tudo aquilo
que não pode ver d'água
do lamaceio que nos enlodou
E a sujeira demorou noite
pra ser lavada
Elucidou tempestade
mas desnudou em manhã de céu aberto
O caminho era de flores
as águas azuis esverdeadas,
ou verde azuladas,
mornas, mansas, macias
Tava tudo em paz
como sempre
A gente é que tava distraída
pra não perceber
Aos sons do mar
dançamos
rimos
esvaímos em bem querer
Irmãs água
aninhadas e nuas
alinhadas as luas
Emaranhadas
(Litoral de Moreré, Janeiro de 2015. )
Memórias das águas (IV)
(Para Uaxeda)
Tanto mar
mas os olhos sequer veem
tempo controverso
roubado ao revés
Tempo inventado
simulacro contido
em frações derretido
ao chão em um abraço
Éramos eus
nós, tão uma só
maré tão embalada
que se perdia de vista
Acalanto
Era um sonho lúcido
um sonho líquido
Eram as águas
enredo de nossas cabeças
mães, filhas e irmãs
Ventre, útero
interior, anterior
antes do mar
(Praia de Pratigi, Ituberá- BA, dezembro de 2015)
sábado, 4 de abril de 2020
Memória das águas (III)
Mar
Noite
Lua cheia
Maré alta
Eu ali de frente
Com tanto gosto via,
ouvia, cheirava
espelho d’agua que o
céu refletia
Meu medo-desejo-respeito
Falava
Licença eu pedia a mãe d’água
E a vida eu agradecia
(Praia Ponta da Tulha, Ilhéus, fevereiro, 2014)
sexta-feira, 3 de abril de 2020
Memória das águas (II)
O mar é vasto e convidativo
Ele brinca com o corpo
Ele acaricia o corpo
Ele desafia o corpo também
Eu brincava corpo-mar-onda
O balanço que leva e traz
Tão bom balanço
Mas me levou demais
Veio cintura, pescoço
e não tinha mais chão
Pedia socorro
Amigos me viam em vão
Tempo curto
Tempo vasto
Tantos pensamentos
Mas o mar não me levaria
Pensei eu...
Vida tão curta, tão besta,
eu tão menina
Será mais...
Aos fluxos
Das pedras
Um homem
Meu corpo leve flutuou
Me sequei ao sol
Mas veio outras águas
dos olhos
Salgadas
Andei só na madrugada
Vi o dia nascer
Tomei tento das águas de dentro
e das águas de fora
Dentro de mim um mergulho
Lá fora o medo do mar
Dentro de mim o medo do amor me afundar
🌊🌊🌊 (Memória das águas, Diogo, Litoral Norte, 2011)
Ele brinca com o corpo
Ele acaricia o corpo
Ele desafia o corpo também
Eu brincava corpo-mar-onda
O balanço que leva e traz
Tão bom balanço
Mas me levou demais
Veio cintura, pescoço
e não tinha mais chão
Pedia socorro
Amigos me viam em vão
Tempo curto
Tempo vasto
Tantos pensamentos
Mas o mar não me levaria
Pensei eu...
Vida tão curta, tão besta,
eu tão menina
Será mais...
Aos fluxos
Das pedras
Um homem
Meu corpo leve flutuou
Me sequei ao sol
Mas veio outras águas
dos olhos
Salgadas
Andei só na madrugada
Vi o dia nascer
Tomei tento das águas de dentro
e das águas de fora
Dentro de mim um mergulho
Lá fora o medo do mar
Dentro de mim o medo do amor me afundar
🌊🌊🌊 (Memória das águas, Diogo, Litoral Norte, 2011)
Memória das águas (I)
Primeira vez que vi o mar
Aguei
Andei adiante
Cobri os pés
Areei
Fui mais um tanto
Acinturei
Veio a onda e me derrubou
Salguei
Saí com medo, gosto e prumo do mar.
(praia de Buraquinho, Salvador, memória de janeiro de 2002)
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