segunda-feira, 26 de julho de 2010

Treze meses e oito dias


A vontade em si se manifesta, o prazer é apenas o desvio momentâneo da dor. A tentativa da manutenção a ordem e da paz pela matriarca não se sustenta. Desde que assisti Rocco e i suoi fratelli (Luchino Visconti, 1960), não consigo tirar Nadia (Annie Girardot) da cabeça. Personagem misteriosa e intrigante, caracterizada como “a prostituta” e a causadora dos danos e da desordem, na verdade me parece a mais sincera e justa dos personagens. Tudo que se mostra de Nádia é muito superficial e estereotipado. Suas pernas a mostra, seus olhos de gato, sua gargalhada magnífica. Sua dor e melancolia estão escondidos atrás dos óculos escuros. Simon só significou uma aventura como outra qualquer que tivera em sua vida, Rocco significava a redenção, a esperança e a fé nas coisas. Mas a ordem se degrada, o caos é instaurado. A paixão obsessiva de Simon e o humanismo exacerbado de Rocco na objeção de Nadia se contorcem. O seu corpo é ofendido e oferecido na prova que não há amor nem esperança.O revés do não correspondido se encontra nas mãos, no chão, no esgoto, no corpo estendido que geme de sofrimento e não de dor física; e que ainda clama por vida, num clamor com mais desespero do que vontade.