terça-feira, 24 de novembro de 2015

Reencontro

Do simples cotidiano desvelado
Dispensando fórmulas, amarras, previsões e proscrição.
Que quero mais do que apresentado?
Alimentar as ilusões ego?
Te fazer moldura em meu quarto?
Me despossuir do que é sentido?
Não, nada disso.
O amor se faz ao vento
É paz
É querer bem
É estado de presença
É alento
É entendimento que dispensa palavra
Que vem dos olhos, que vem de dentro

De outras vidas, quem sabe...

Caminhos


Pode ir e vir 
Exercer sua liberdade
Caminhar pela cidade 
Conhecer as ruas, os becos, os ladrilhos 
Pois meu amor é porteira escancarada
 É jardim florido
 É caminho de rio que em mar deságua 
 É roça sem cerca 
 É caatinga braba
 É o brilho do sol de dia
 É noite de lua cheia
 É o cantar do galo de madrugada

ECOS


O tempo saiu armado                                         
com couraça pesada,
atrasado.
Noite de tempestade                        
Era puro concreto
Luzes incandescentes
Buzinas intermináveis
Os olhos que tanto viam,
então cegaram.
Os pés ligeiros se enraizaram
Os sentidos outros inebriados,
com a chuva foram levados.
Lavando as ruas dos corridos passos,
da métrica dos compassos
dos ponteiros poluídos pela ilusão do tempo.
Então parado, cego e despossuído, pôde-se olhar pra dentro
e viu-se:
De olhos amplos soube olhar pra trás e nada trazer
e soube olhar pra frente sem nada querer.
Os olhos descansados de tantas visões não vistas,
abriu-se em meio ao caos de tantas construções
E a brisa era leve
O céu estava aberto
O sol brilhava na luz do fim de tarde
E pôde-se ver um pássaro pousado em uma árvore frondosa
entoando canto cuja ressonância ecoava em

“Tempo, tempo, tempo...”

(21 de outubro de 2015)