quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Algum, Alguma - O conto que mais me castiga, transposto com mais brevidade possível - Nenhum Nenhuma, Primeiras Histórias, Guimarães Rosa.

O não lugar perfeito
O que nunca mais houve nem haverá
O Menino
A Moça
O Moço
A Moça e o Moço
...Se olhavam...
Mas a Moça estava divagar. Mas o Moço estava ansioso.
Mas era preciso esperar... Esperar até a hora da morte; da “nossa morte”; pra saber se o amor é certo, pra saber se é capaz de esquecer e mesmo assim, depois sem saber, sem querer, continuar gostando.
O choro contínuo divide os dois caminhos pra saber se o amor existe e se não deixará de existir, mas Nenhum, Nenhuma, ninguém saberá, nem mesmo o menino na sua triste angústia de ter que voltar pra casa.
“A gente deve esperar o terceiro pensamento...”

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As lagoas viraram asfalto

O sol daqui parece mais ser forte do que qualquer outro lugar; irradia luz aos teus pobres habitantes e calor que desce do rosto de quem vende e vive na feira.
Vive uma intermitência entre teu passado que não mais reluz, como símbolo de resistência, e tua modernidade tão descabida e despropositada.
A feira diz, a feira clama no rosto de cada habitante que grita, pede e implora por sobrevivência “três por um real”, “a redinha é dois”...
O centro fumega, as sinaleiras incendeiam tudo; diz o corre, o ponto certo, a hora certa, o atraso, o trabalho... “corre vai fechar”, “fechou, só nos próximos 20 segundos...”
Cores, muitas cores, tantos nomes que confundem. As marcas impressas nas lojas e as marcas nos rostos dos trabalhadores das ruas, cansados e sedentos por uma marca daquela loja, que lhe equipare de certo modo a moda, que os faça sentir mais engajado dentro do que “deveria ser", nunca sentir.

O prédio mais pomposo da avenida assinala e demarca seu lugar de poder, não só do prefeito, mas de toda uma elite conglomerada que se assenta sobre a carnificina humana da feira.

Todo dia gente da gente, preto, pobre, morre! De tiro. Quem morreu? "há menina, era traficante"; ninguém sabe nome, só ouviu falar no BATV, quem se importa...
Tu não és Bahia, tampouco sertão é. Tu és alguma coisa que precisa ser alimentada, respeitada e incentivada no bojo da cultura popular, em Lucas da Feira, no Samba da Matinha, na festa de Santana, na figura do vaqueiro velho e o no rosto de cada trabalhador da feira, da Feira de Santana.