quanto medo cabe num amor?
quando o medo acaba, acaba o amor?
não, o medo que acaba em
desserviço, birra, choro
prende, finge que vai embora, volta e se amarra
mas o amor não teme
o amor geme
mas é de prazer
quanto medo cabe num amor?
quando o medo acaba, acaba o amor?
não, o medo que acaba em
desserviço, birra, choro
prende, finge que vai embora, volta e se amarra
mas o amor não teme
o amor geme
mas é de prazer
dizer é fácil, soltar é difícil
qual leveza o peso deve ter?
depende do quanto a gente carrega
soltar é difícil?
soltar deve ser leve, difícil é se prender
se pesar
se perder
soltar deve ser achado
Ela me lê nas miudezas
naquilo que nem foi
dito e eu fico besta
como o tempo afina
nosso afeto e cuidado
Afoito
Desmedido
Desenfreado
Acometido
Acode a água ferveu
E não é banho quente
É temperatura maior
Que a pele não pode aguentar
Sem sangrar de dor
Dos enredos, sou filha
a mais miúda
ponta de rama
a derradeira
que regalia não tinha
mas dos castigos escapulia
A ruindade faz-se necessária
naquilo que só é bom pra o outro
naquilo que remete ao engôdo
de se anular
ser ruim pode ser libertário
quando um sim diz o contrário
daquilo que eu queria falar
as vezes, ser ruim
também é o melhor pra o outro
que entende os limites
e passa a dialogar
ser ruim não é
sobre anular a bondade
é sobre reconhecer nossa humanidade
e dela partilhar
pois nem só de sim
vive a bondade
nem só de não
vive a maldade
nem todo sim
reflete uma verdade
nem todo não
é egoísmo
mas sim
não é fácil
mas a gente aprende
que a ruindade é generosa
Ancorei disposta
Alvoreci no meu traquejo
Dispus da minha veste mais fina
Esperei
Esperei como quem espera um domingo de passagem
Como quem espera prato feito, entregue em mão, fome exacerbada
Como quem espera a passagem do trem para estação última, horário derradeiro
Como quem espera a boiada passar
Envolta em caminhos de arrodeios
Me perdi
Caminhei horas a fio
Pra me reencontrar
Acocorado a meia lua, tu sorria
Teu sorriso brilhava mais que vagalume
Embriagava-me
Eu de espreita, curiava
Como quem não via