quarta-feira, 15 de março de 2023

sou todo ouvidos

quanto medo cabe num amor?

quando o medo acaba, acaba o amor? 

não, o medo que acaba em

desserviço, birra, choro

prende, finge que vai embora, volta e se amarra

mas o amor não teme

o amor geme

mas é de prazer

soltura


dizer é fácil, soltar é difícil

qual leveza o peso deve ter?

depende do quanto a gente carrega

soltar é difícil?

soltar deve ser leve, difícil é se prender

se pesar

se perder

soltar deve ser achado

quarta-feira, 8 de março de 2023

Afinco


Ela me lê nas miudezas

naquilo que nem foi

dito e eu fico besta

como o tempo afina

nosso afeto e cuidado





Assopro

 O silêncio

é um tempo sábio

de maturação

e menos desperdício

Fomigerada

 Afoito

Desmedido

Desenfreado

Acometido

Acode a água ferveu

E não é banho quente

É temperatura maior

Que a pele não pode aguentar

Sem sangrar de dor

Bedilê

Dos enredos, sou filha

a mais miúda

ponta de rama

a derradeira

que regalia não tinha

 mas dos castigos escapulia

Atino

Tudo está por um triz

Aperta o sinto
Segura a corda
Não te aperreias
O mais nefasto é passageiro
E a gente precisa tá atento!

Escuta...  em casa de pedreiro
O concreto é forte

Desvairada

Ponta de lança

Fio de linha

Esconderijo onde dormem

as cobras mais mansas


Ser ruim é bom

 A ruindade faz-se necessária 

naquilo que só é bom pra o outro

naquilo que remete ao engôdo

de se anular


ser ruim pode ser libertário

quando um sim diz o contrário

daquilo que eu queria falar


as vezes, ser ruim

também é o melhor pra o outro

que entende os limites

e passa a dialogar


ser ruim não é 

sobre anular a bondade

é sobre reconhecer nossa humanidade

e dela partilhar


pois nem só de sim 

vive a bondade

nem só de não

vive a maldade


nem todo sim

reflete uma verdade

nem todo não 

é egoísmo


mas sim

não é fácil

mas a gente aprende

que a ruindade é generosa

Passagem


Ancorei disposta

Alvoreci no meu traquejo

Dispus da minha veste mais fina

Esperei 


Esperei como quem espera um domingo de passagem

Como quem espera prato feito, entregue em mão, fome exacerbada

Como quem espera a passagem do trem para estação última, horário derradeiro

Como quem espera a boiada passar


Envolta em caminhos de arrodeios

Me perdi

Caminhei horas a fio

Pra me reencontrar 




Assovio

 Acocorado a meia lua, tu sorria

Teu sorriso brilhava mais que vagalume

Embriagava-me 

Eu de espreita, curiava

Como quem não via