Se tira o sono
seja na presença
Se tira a fome,
seja com o alimento maior:
a palavra
a sede saciada na saliva
Clareia
o tempo corre
a vida segue
e a gente não se escapa
Se tira o sono
seja na presença
Se tira a fome,
seja com o alimento maior:
a palavra
a sede saciada na saliva
Clareia
o tempo corre
a vida segue
e a gente não se escapa
O verde impera
das paredes, portas e janelas
da cerâmica do banheiro
do verde cheiro
do hortelã graúdo
do coentro fresco
pilado em panela velha
junto a outros temperos
é pé de sabugueiro
cidreira, capim-santo nunca falta
quebra-pedra, limoeiro
ervas-daninhas
ranca pra não assombrar
ver de todos os tons
um tanto, pra toda dor e quebranto,
pra amargar, engolir,
pra sarar de toda amargura de peito.
ver de verdade
a cor dar
quanto medo cabe num amor?
quando o medo acaba, acaba o amor?
não, o medo que acaba em
desserviço, birra, choro
prende, finge que vai embora, volta e se amarra
mas o amor não teme
o amor geme
mas é de prazer
dizer é fácil, soltar é difícil
qual leveza o peso deve ter?
depende do quanto a gente carrega
soltar é difícil?
soltar deve ser leve, difícil é se prender
se pesar
se perder
soltar deve ser achado
Ela me lê nas miudezas
naquilo que nem foi
dito e eu fico besta
como o tempo afina
nosso afeto e cuidado
Afoito
Desmedido
Desenfreado
Acometido
Acode a água ferveu
E não é banho quente
É temperatura maior
Que a pele não pode aguentar
Sem sangrar de dor