sexta-feira, 3 de abril de 2020

Memória das águas (II)

O mar é vasto e convidativo
Ele brinca com o corpo
Ele acaricia o corpo
Ele desafia o corpo também

Eu brincava corpo-mar-onda
O balanço que leva e traz
Tão bom balanço
Mas me levou demais

Veio cintura, pescoço
e não tinha mais chão
Pedia socorro
Amigos me viam em vão

Tempo curto
Tempo vasto
Tantos pensamentos
Mas o mar não me levaria

Pensei eu...
Vida tão curta, tão besta,
eu tão menina
Será mais...

Aos fluxos
Das pedras
Um homem
Meu corpo leve flutuou

Me sequei ao sol
Mas veio outras águas
dos olhos
Salgadas

Andei só na madrugada
Vi o dia nascer
Tomei tento das águas de dentro
e das águas de fora

Dentro de mim um mergulho
Lá fora o medo do mar
Dentro de mim o medo do amor me afundar

🌊🌊🌊 (Memória das águas, Diogo, Litoral Norte, 2011)

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