quinta-feira, 13 de junho de 2024

 a vida é um lampejo,

quando tu acha que encontrou

já perdeu

de novo

 Queria mesmo era tua roupa

despida depois

esquentar teu couro

tal qual fogueira

afinar as notas

ascender os timbres

mais agudos

agravar

essa situação que me torneia

Espreita

 Te aprecio nos mínimos detalhes


No olhar de canto

No arquear das sobrancelhas

Na boca de bico quando um pouquinho encabulado


No gesticular das mãos ao explicar algo

Nos olhos arregalados 

No pegar da barba prestando atenção

Na quebra do quadril ao andar


Amo a sutileza de expressão do seu corpo

desde primeira vista

nunca perdi um lance

Quereres

 Te quero,

e não é pra servir de enfeite

não só desfrutar do deleite

na hora que desejar


Te quero, 

e não como algo próprio 

exclusivo, reduzido 

da tua vontade de amar


Te quero tanto, tu tão teu

eu, cá, tanto eu, nessa inteireza se encontrar 


Te quero amar

colo, dengo, partilha como qualquer outro amigo 


Te quero amar

em escuta, fala

imensidão de tempo


Te quero amar

nos contornos

nas entrelinhas

na literalidade


te quero amar

mesmo que o corpo

não seja mais

assunto presente


mesmo que haja desencontros

divergências 

distância 


mas chega perto 

mais perto um pouquinho,

o suficiente pra sussurrar essas palavras ao pé do teu ouvido, sentindo o cheiro dos teus cabelos

desenhando aos dedos tua boca,

louca

pra me banhar

no seu corpo

por inteiro

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Terça-feira de giro

 Terça-feira de giro 


olhando demais longe parece menor, ainda menor de mais longe


Terça-feira de giro

Nasci ao romper da aurora, mesma hora que saí hoje pra o corre da sobrevivência 


 terça-feira de giro

cantei, música abre peito, diz de dentro, parece que é meu aquele troço! 


 dancei! ressuscitei o meu assoalho pélvico empoeirado! viva Dora pela aula aula maravilhosa e eu por essa retomada! 


terça-feira de giro

 fui pra roça bater minha cabeça e dar os corres com a família, que tá beirando obrigação do meu pai Ogum 


 terça-feira de giro

 as águas me ensinaram a ter leveza e perder medo (consegui atravessar a piscina sem afundar!)


terça-feira de giro

Jantei acarajé depois de quase dois meses sem, cês não tão entendendo...


 terça-feira de giro

 tive um encontro grandioso inesperado, mas esperado com o meu irmão amigo camarada

(dei minha aula de yoga e

 fizemos um treino maravilhoso com Treinel Hulluca, de expurgar do corpo qualquer coisa que ainda tivesse de congestão verbal)


 terça-feira de giro 


corremos da chuva, comemos, conversamos até a chuva passar, 

passou tanta coisa pela minha cabeça, tanta coisa já passou nessa vida, como as coisas passam e vão passar, só deixar ir!

 e o que mais falamos foi desse bendito dia de giro, essa terça-feira ao ponto de virar quarta e nós ainda acertando o ponteiro das horas desse dia tão largo e sabedor

 presenteado pra gente que já nos encontramos tanto para falar sobre as mesmas coisas e sentimentos passados, no nível de compreensão que beira mar beira rio, não tem bordas, só derrama

é algo tão precioso, 

 sentido na ponta dos dedos, de tão poucos, que realmente podemos contar nas mãos, aqueles que não estão de passagem, mas permeiam ciclicamente nossas existência, e isso é sentido no fundo do fundo do olho


 terça-feira de giro 

 tantos entendimentos, tanta vida e possibilidade de vir a ser


 terça-feira de giro 

nem tudo precisa ser dito,

porque as coisas já estão as vistas, aos poros e sopros


 terça-feira de giro 


olhando de mais longe parece menor, de mais de longe menor ainda!


Bendita seja, bendito seja!


Ogunhê!