domingo, 10 de maio de 2020

Afeto


Teus olhos me acobertam
Por inteiro
Quando não te vejo
Estás a me olhar

Teu zelo rege o ato
Do subterrâneo
Tá no minucioso cotidiano
Que não chega a tocar

O afago ficou em algum lugar da memória
Que não tinha idade
Pra fazer registro
Mas o tempo não se dava disso

Corria tão bruto
entre as águas e o fogo
pairava em poeira
mas nunca parava

Descabia também
o afeto das palavras
ouvia-se pouco
pouco se falava

Mas sobre a presença?
É, e sempre foi
Intangível à palavra
Indizível e transluzente.

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